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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

PAIXÃO, AMOR E CASAMENTO



"E, o que quer que as pessoas digam, a verdade é que o estado de paixão amorosa normalmente não dura. Se o velho final dos contos de fadas: 'E viveram felizes para sempre', quisesse dizer que 'pelos cinquenta anos seguintes sentiram-se atraídos um pelo outro como no dia anterior ao casamento', estaria se referindo a algo que não acontece na realidade, que não pode acontecer e que, mesmo que pudesse, seria pouquíssimo recomendável. Quem conseguiria viver nesse estado de excitação mesmo por cinco anos? Que seria do trabalho, do apetite, do sono, das amizades? É claro, porém, que o fim da paixão amorosa não significa o fim do amor. O amor nesse segundo sentido - distinto da 'paixão amorosa' - não é um mero sentimento. É uma unidade profunda, mantida pela vontade e deliberadamente reforçada pelo hábito; é fortalecida ainda (no casamento cristão) pela graça que ambos os cônjuges pedem a Deus e dele recebem. Eles podem fruir desse amor um pelo outro mesmo nos momentos em que se desgostam, da mesma forma que amamos a nós mesmos mesmo quando não gostamos da nossa pessoa. Conseguem manter vivo esse amor mesmo nas situações em que, caso se descuidassem, poderiam ficar 'apaixonados' por outra pessoa. Foi a 'paixão amorosa' que primeiro os moveu a jurar fidelidade recíproca. O amor sereno permite que cumpram o juramento. E através desse amor que a máquina do casamento funciona: a paixão amorosa foi a fagulha que a pôs em funcionamento."

C. S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples

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